terça-feira, 15 de abril de 2014

MELHOR AMIGO DO HOMEM: Cão esperava pelo dono há oito dias na porta do hospital


Seco é um vira-lata de pouco mais de dois anos. Arisco e carinhoso, o cão é o melhor amigo do morador de rua Lauri da Costa, 55 anos. Depois de oito dias sem arredar as patas do pátio de um hospital de Passo Fundo, no norte do Estado, onde Lauri está internado para tratar um câncer de pele no rosto, a história de amizade e lealdade entre os dois parceiros ganhou um novo capítulo. 

Sem a presença diária do amigo, de quem estava longe desde o dia 31 de março, Seco andou pelas ruas, uivou e decidiu esperar no Hospital da Cidade pela volta do dono. Somente na última quarta-feira os médicos permitiram que Lauri desse um abraço em seu fiel e, agora, inseparável amigo. — É a coisa mais linda que podia acontecer comigo! Eu nem sei dizer o que senti. 

Foi emocionante! — conta Lauri, que em 15 dias de internação só recebeu a visita de uma filha — ele tem outros três filhos. É possível que Seco também tenha ficado confuso. O dono lembra que quando o cão o viu, saiu correndo, dando voltas em torno do próprio rabo. Lambia, latia, latia e lambia. "Parecia sorrir", detalha Lauri. 

O encontro entre os dois, entretanto, só foi possível por duas razões: a persistência do cão e a comoção dos funcionários do hospital, que a cada dia que passava se compadeciam mais com a situação do animal, que parecia triste. 
A assistente social Viviana Vizzoto, que é responsável por intermediar visitas diárias de 15 minutos entre os dois amigos, conta que foi impossível afastar o cão do hospital. — Nós levamos ele para uma associação aqui na cidade, mas deu 25 minutos e ele já estava de volta na porta do hospital. 

Tentamos também levá-lo para o albergue onde os dois passam algumas noites, mas não tivemos sucesso. Ele nos venceu! — conta emocionada. Seco conquistou a todos na casa de saúde. O vira-lata de cor caramelo e porte médio já ganhou cama, travesseiro, potinho de água e comida. Aliás, na última noite o jantar foi pizza, servida por funcionários do hospital. Os encontros entre os dois faz parte do tratamento de Lauri. 

De acordo com os médicos, o carinho do cão pelo dono pode ajudar o morador de rua a não abandonar o tratamento tanto para o câncer quanto da dependência química, iniciado em novembro do ano passado. Lauri fará nesta tarde a segunda cirurgia para a retirada de um tumor na pele do braço. 

A previsão é que ele fique, pelo menos, mais uma semana internado. Até lá, Seco deve seguir como seu companheiro inseparável. — Tenho certeza de que ele só sairá daqui junto comigo. E, isso me dá forças para seguir com meu tratamento de desintoxicação. 

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