sábado, 16 de março de 2013

Operação contra trabalho análogo ao escravo resgatou 17 pessoas na BA



Ao todo, dezessete pessoas foram resgatadas pela força-tarefa que desarticulou um esquema de trabalho análogo ao escravo, cujos alojamentos estão localizados em duas casas no bairro Doron, em Salvador. A operação realizada na sexta-feira (15) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e Polícia Federal (PF), resultou na prisão de dois homens.

Segundo o MPT, todos os trabalhadores foram recrutados no Rio de Janeiro para entregar listas de telefone na capital baiana, serviço que realizavam sem recebimento de salário ou direito trabalhista. Eles chegaram a Salvador de avião no fim de fevereiro. O alojamento, informa o órgão, é precário, sem condição de higiene ou conforto. Homens e mulheres dormiam sobre as próprias listas telefônicas, que eram distribuídas todos os dias em turnos ininterruptos, de acordo com o MPT.

O Ministério Público do Trabalho afirma que na segunda-feira (18) serão feitos os cálculos das indenizações por danos morais coletivos que deverão ser pagas pelos empregadores. Um representante da empresa responsável, cuja sede fica no Rio de Janeiro, chega a capital baiana neste sábado (16), para esclarecer a situação e deve prestar depoimento à PF.

Os trabalhadores foram levados para um hotel localizado no bairro da Pituba, cujos custos com hospedagem serão cobrados da empresa, informou o MPT. O órgão avalia ajuizar uma ação na Justiça do Trabalho contra os empregadores. De acordo com o auditor fiscal do trabalho Joatan Reis, o número de vítimas pode ser maior. Reis afirma que recebeu a informação de mais dois grupos que estão alojados em outros lugares de Salvador.

"Gatos"
O procurador Jairo Santo Sé, que participou da operação, conta que a equipe já entrevistou algumas das vítimas do esquema. "O que eles ganham é a gorjeta que pedem nas casas. Queremos que o responsável pague as parcelas, os direitos que eles têm, assine a carteira de trabalho e coloque em um alojamento digno", afirmou. Segundo ele, este é o primeiro caso de trabalho análogo ao de escravo registrado em Salvador.

As pessoas presas são consideradas arregimentadoras, também chamadas de "gatos", suspeitas de recrutar e organizar a atividade diária. Os imóveis estão localizados em uma das transversais da Avenida Edgar Santos, a maior do bairro do Doron.

O MPT afirma que um dos trabalhadores, que tem 58 anos, contou que fazia esse tipo de atividade há cinco anos devido a dificuldade em conseguir emprego. Em relato ao órgão, a mulher disse que o dinheiro das gorjetas era usado para fazer lanches e pagar o transporte.

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