RIO - Cinco piscinas com formol e cadáveres, além de um caixão com restos mortais, dentro de um estacionamento. Parece cenário de filme de terror, mas não é ficção. A história real se arrasta por mais de oito meses no Instituto Biomédico da Unirio, desde que o Anatômico do campus da Rua Frei Caneca entrou em obras. Desde então, os alunos estão sem aulas práticas de anatomia.
— Começaram a fazer as obras do anatômico na greve, mas até agora não terminaram. E no ritmo que está não vão terminar tão cedo. Chegamos a ter aulas práticas no 1º período, mas agora estamos sem poder dissecar cadáveres — reclama um aluno do 2º período, que prefere não se identificar.
Segundo outra universitária, estudantes do 1º período estão boicotando a disciplina de Anatomia e preparam um abaixo-assinado para a direção da Escola de Medicina e Cirurgia (EMC).
— Nem peças plastinadas temos. Já viu alguém ter aulas de anatomia assim? — indaga ela.
Para piorar a situação, há água parada sobre as lonas que cobrem as piscinas com formol, podendo constituir focos de dengue.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Unirio alega que problemas na entrega de material de construção e alterações no projeto acarretaram atraso nas obras, mas a previsão é que a recuperação do espaço termine no fim do mês de maio.
Segundo a universidade, antes disso será possível retornar com os corpos para o Anatômico, o que está previsto para acontecer logo após a colocação do piso e do revestimento, fase atual da reforma. Também está prevista a reposição das aulas de dissecação perdidas por conta das obras.
A nota acrescenta que o estacionamento foi escolhido “diante da necessidade inadiável de recuperação do Anatômico e da impossibilidade de transporte dos corpos para outro local”. Segundo a Unirio, estão sendo utilizadas piscinas adquiridas para este fim e cheias com solução de formol, ideal para a devida conservação das peças.
A universidade informa que as piscinas têm sido rotineiramente monitoradas para verificar sua integridade e para que as lonas de cobertura não se transformem em focos de criação de mosquitos, ainda que a utilização de formol na água já dificulte a proliferação de larvas. No entanto, repórteres do GLOBO estiveram no local e constaram a água parada.
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